O policial artista ou o artista que se tornou um policial?
Marcus Vieira
Comunicação Sinpf- ES
Aos 20 anos, o rapaz que nasceu em Baixo Guandu (ES), no noroeste do Estado, quase em Minas Gerais, entrou para a Academia da Polícia Federal para começar sua carreira.
Valmir Antônio Vieira é o terceiro entrevistado da série “Resgatando a Nossa História” e mostra que é mesmo um personagem e tanto.
Turma do Curso de Formação da PF em 1982
Após passar parte da juventude em Vila Velha (ES) ele foi influenciado a participar da seleção e do curso preparatório da PF. Aprovado em 1982 ele escolheu atuar em Santos (SP), onde o efetivo da Polícia era bem pequeno para o tamanho da tarefa reservada aos federais, segundo ele. Pela forte movimentação portuária e pelo fato de que tinham que dar cobertura sobre todo o litoral paulista que se estende até a divisa com o Paraná, o trabalho naquela época era grande.
Valmir viu a cidade crescendo rapidamente nos 12 anos em que esteve lá e sua vida também seguiu esse ritmo. Foi em Santos que se formou em Direito, casou com uma santista e teve seus dois filhos.
A oportunidade que se apresentou de ser transferido para Vitória (ES) foi de pronto aproveitada, já que seria a possibilidade de voltar para seu estado natal e estar numa espécie de cópia do balneário santista.
“Eu estava um pouco exausto da rotina lá e a região mudou bastante em pouco tempo. Isso teve um impacto na nossa vida. Então, quando pensei em voltar para o Espírito Santo a ideia de viver em Vitória seria ótima e nós viemos”, contou.
O esforço de se adaptar a um novo local e grupo de trabalho não foram problemas para Valmir, que com o jeito brincalhão e bem humorado fez bons amigos em pouco tempo. Ele revelou que, no tempo livre, gostava de desenhar e fazia caricaturas dos colegas da corporação, além de charges sobre situações do dia a dia ou de crítica sobre o momento político do País.
Essa veia artística dele a gente vai conhecer melhor logo mais.
Os amigos da Superintendência do ES: Passamani, Valmir, Herve, Simões, Marcus Firme, Robson, Genaro e Adelcio
Tendo atuado bastante no combate a assalto a bancos, Valmir fez parte de um grupo que encarou um período de intensos crimes contra bancos no Espírito Santo e que deixou um legado. Logo depois, pela experiência que acumulou, passou ao setor de Crimes Previdenciários (Deleprev).
“São áreas que requerem um amplo conhecimento e fui gostando daquilo. Fizemos operações importantes, que impactaram até fora do Estado”.
Após bons momentos em sua carreira na Polícia ele se aposentou em janeiro de 2012 e resolveu, a partir dali, investir em suas habilidades que traziam mais satisfação. Para surpresa de muitos, alguns meses depois Valmir se inscreveu para o Enem, prestou vestibular e foi aprovado para o curso de Artes Plásticas, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde estudou até o último semestre, mas não concluiu o curso.
“O curso me ajudou muito nessa transição de saída do trabalho para ocupar o tempo e a mente com o que eu gostava. Pude conviver com a diversidade ali dentro. Foi muito bom para mim. Apesar das diferenças de vida e de pensamentos, os mais jovens aceitavam muito bem o meu jeito e fiz boas amizades”, recordou.
Hoje, aos 61 anos, ele curte pintar quadros, ler, pescar e dar forma aos seus projetos passando a maior parte do tempo na pequena marcenaria que montou em casa. Ele conserta e cria móveis com a criatividade nata que não recebeu nas salas da Universidade, mas onde a aperfeiçoou.
Valmir e um dos seus quadros de paisagens
A marcenaria onde ele curte passar a maior parte do tempo